Encontros no DAD: Design, Inovação e a Proteção da sua Propriedade Intelectual
O DAD realizou, no dia 26 de abril, o segundo workshop deste ano do Encontros no DAD: Design, Inovação e a Proteção da sua Propriedade Intelectual, ministrado pelo professor Alexandre Cantini.
Em entrevista ao DAD, Alexandre respondeu algumas perguntas:
DAD: Você acha que os alunos e até mesmo os professores entendem pouco da importância em proteger seus trabalhos?
Alexandre: Sim. E a prova maior disso foi o baixo comparecimento à palestra. É verdade que, assim como nem todo trabalho merece entrar no portfólio, nem todo trabalho precisa ser protegido. Não obstante, é preciso que os alunos de Design despertem para o fato de que nossa profissão é a ponta de lança da criação inovadora. Num país com submissão anual de aproximadamente 5,5 mil pedidos de patente, contra meio milhão da China, pode-se perceber como, pelo menos por hora, nosso destino é pagar royalties para usar tecnologias desenvolvidas por terceiros, em vez de recebê-los por tecnologias desenvolvida por brasileiros.
DAD: Você acha que esse assunto deve ser mais abordado, para gerar um conhecimento maior?
Alexandre: Certamente, mas deve ser uma política institucional, e não o esforço individual de um ou outro professor engajado, e o palco para tal esforço talvez seja as disciplinas de projeto, com palestras, quem sabe associadas a um programa de submissão a registo, ou patente, do melhor trabalho por disciplina, por período.
DAD: Conversando com alguns alunos, eles disseram que o processo para proteger seus trabalhos é longo e complicado, você acredita que essa impressão deles é por falta de conhecimento do assunto? Mesmo que seja longo e complicado deveria ser algo feito sempre?
Alexandre: Talvez seja. Em que pese a excelência dos professores de Direito do Autor, uma das quais foi minha professora no curso de Direito, segundo me é relatado por alunos, as disciplinas são eminentemente teóricas, e os casos concretos discutidos são jurídicos.
Os processos de registro ou de depósito de patentes são menos complicados que parecem e menos caros do que se imagina, especialmente se não forem utilizados os serviços de intermediários, como escritórios de advocacia especializada.
Na verdade, se houver interesse institucional em abraçar a questão da proteção da propriedade intelectual da Universidade, talvez fosse o caso de se organizar um comitê curador e de encaminhamento dos pedidos selecionados, lembrando que a AGI, embora composta por competentíssima equipe, e muito atuante, é especializada em patente de Engenharia, mas menos habituada às questões próprias ao Design.
DAD: Você acha importante que o departamento promova cada vez mais essas palestras e workshops? Tem ideia de algum assunto que você acha que deveria ser tratado?
Alexandre: Seria interessante que o Departamento promovesse palestras e workshops em maior quantidade e em horários alternados, para permitir o comparecimento de público variado.
Quanto a temas, pugno pela inclusão de palestras que abordam assuntos que escapem ao curso, como, por exemplo, perspectivas de novas tecnologias no Design (blockchain, algoritmos, nanotecnologia etc.), e um tema que me é muito caro que é a importância do Software Livre para o ensino do Design.