Professor e aluno do DAD participam do projeto Água na Seca

O professor Luis Vicente e o aluno da pós-graduação Felipe Figueiras fazem parte do projeto voluntário Água na Seca, um coletivo composto por alunos, ex-alunos e professores da PUC-Rio. O coletivo, em parceria com a ONG Habitat para a Humanidade, tem como objetivo garantir aos moradores do semiárido pernambucano acesso a água limpa mais perto de casa.

Com foco no município de Riacho das Almas, em Pernambuco, os voluntários do projeto se comprometem a construir 5 cisternas que captam água da chuva junto a 5 famílias da região. A população do lugar sofre com um dos maiores índices de desigualdade do país, com muitas pessoas sem direitos básicos de sobrevivência. Por exemplo, mulheres e crianças precisam caminhar 2 horas por dia para conseguir água, que muitas vezes está suja e barrenta, imprópria para consumo.

Assim eles promovem acesso à água limpa, e como consequência, à saúde, à produção alimentar, à qualidade de vida, além de incentivar autonomia para a população local.

Conversamos com Luis Vicente sobre sua participação no projeto, como ele funciona na prática, e sua relação com o design.

DAD: De onde veio a ideia para esse projeto?
LV: No ano passado, fui acompanhar um grupo de voluntários estrangeiros que estavam participando do Água para vidas. Fui conhecer o projeto de perto para ver a viabilidade de realizar um trabalho de campo com alunos da Escola Parque, onde trabalho fazendo parte da equipe de coordenação da sustentabilidade. Todos os dias quando chegava no canteiro de obras lembrava de um grupo de ex-alunos da disciplina de bambu que sempre me pilharam para pensar um projeto para fazermos juntos. Então vi ali uma possibilidade.

DAD: Porque você escolheu participar?
LV: O que me mobilizou a participar foram as pessoas com que convivi nos 5 dias que acompanhei o processo de construção da cisternas (no projeto Água para vidas). A convivência com uma realidade tão distante da nossa, a possibilidade de conhecer um Brasil que está ainda velado.

DAD: Como funciona a parceria com a ONG Habitat para a Humanidade e o que ela contribui?
LV: A ONG é responsável pelo programa de voluntariado, ela participa ativamente de todas as etapas do processo. Ela apoia a produção e divulgação da campanha, faz o processo de seleção das famílias que irão receber as cisternas, cuida de toda parte logística para a realização do projeto, acompanha com um coordenador de campo e um técnico de campo todo o processo de construção das cisternas, depois das cisternas estarem prontas, eles continuam realizando capacitações com as famílias.

DAD: Qual pode ser o futuro do projeto?
LV: Esse é o segundo grupo de voluntários formado por alunos e ex-alunos da PUC para participar especificamente do projeto água para vidas da ONG Habitat para Humanidade. Imagino que esse projeto possa inspirar novos grupos à participar, e mais cisternas serem construídas, e mais famílias terem acesso a água limpa.

DAD: Você acha que o Água na Seca pode se desenvolver para ajudar mais pessoas?
LV: O projeto já se encontra acontecendo em vários estados do Brasil, na região do semiárido. Já foram construídas mais de 1 milhão de cisternas, mas ainda existem milhares de famílias que não tem acesso a água limpa.

DAD: Como professor de Design, você sente que um projeto como esse conversa com o meio do design? Como?
LV: Acredito que sim. A cisterna de placa é uma tecnologia social, desenvolvida por um agricultor nordestino, que foi para São Paulo trabalhar na construção civil, trabalhava fazendo piscina. Quando voltou para o Sergipe, com base na experiência que teve, construiu a primeira cisterna para armazenar água da chuva, hoje sua tecnologia já foi premiada e exportada para outros países.
Acho básico nossos alunos de design terem contato com a inventividade do nosso povo.

Link para o financiamento coletivo do projeto.