Ex-aluno do DAD vence prêmio em Cannes
Kawe de Sá, ex-aluno de Mídia Digital e antigo integrante da equipe do N.A.D.A. (Núcleo de Arte Digital e Animação), foi o diretor de animação do vídeo “One Word”, que ganhou o Prêmio Leão de Ouro no Cannes Lions International Festival of Creativity, no dia 17 de junho.
Feito pela agência Area23 e desenvolvido no estúdio Lightfarm, o vídeo foi feito para novo aplicativo da The Learning Corp, o “Constant Therapy”. Ele gira em torno de pacientes que sofreram algum tipo de trauma ou lesão cerebral.
Conversamos com Kawe de Sá sobre sua experiência na PUC-Rio e como foi trabalhar neste filme com sua equipe:
DAD: Como você se envolveu com este projeto?
Kawe: Ano passado a Area23 (uma agência dos EUA) nos convidou para participar do festival. Eles queriam que a gente (do estúdio Lightfarm) produzisse o vídeo da campanha que eles estavam desenvolvendo. Nós sempre participamos de Cannes, mas com imagens e não com animações. A Lightfarm é um estúdio novo, que começou a fazer animações a uns quatro anos, e essa proposta era uma boa oportunidade de mostrarmos o nosso trabalho. Esse projeto entrou na casa em novembro do ano passado, mas o cliente estava meio perdido e não tinha um roteiro aprovado. Acabou se enrolando e só foi entregar algo no final de fevereiro. Foi nessa época que assumi o projeto.
D: Como funcionou seu trabalho de diretor de animação?
K: Até então, a maioria dos projetos que eu participei dependiam da minha habilidade como animador e não como diretor. E apesar de participar na criação de projetos como Bloom, Twerking Sausages, e o Dream of Ink, eu nunca precisei me comunicar muito com as outras áreas. Porém, como esse prazo estava super apertado, seria impossível completar esse projeto sem envolver o estúdio inteiro. O meu papel foi construir um Animatic que definisse a história. Depois disso me preocupei em garantir que todo mundo soubesse o que fazer para que o filme ganhasse vida. Não foi fácil e muitas surpresas apareceram ao longo do caminho, mas no final deu certo.
D: Esse filme foi criado em quanto tempo? Como foi essa experiência para você?
K: Foram mais ou menos 3 meses. E foi uma loucura! Trabalhei mais de 140 horas extras ao longo desse período. Algo que não recomendo para ninguém e que prometi nunca mais fazer de novo. Mas sabia que era o preço para entregarmos o projeto. Foi um aprendizado enorme e uma etapa de amadurecimento importante pro estúdio.
D: Quando estudava na PUC, pensou que um dia estaria ganhando um prêmio em Cannes?
K: Eu nunca imaginei que algum dia participaria do festival e acho que até agora não caiu a ficha. Mas lembro que durante a faculdade participei de vários concursos e nunca ganhei nada. Que bom que eu não parei.
D: Quais foram as contribuições do seu curso em Mídia Digital para a sua vida profissional?
K: Eu acho que a faculdade serve para abrir a cabeça do estudante e mostrar os diversos caminhos profissionais que ele pode seguir. Eu trilhei diversos caminhos durante a faculdade e acabei caindo pra animação, que era onde eu me encaixava melhor.
D: Como foi seu período enquanto estagiário no N.A.D.A.?
K: Foi essencial para o meu sucesso profissional e foi onde eu comecei a perceber animação como um caminho viável. O futuro depende muito do conhecimento que se acumula e das amizades que se formam ao longo do tempo. Foi no N.A.D.A onde conheci a maioria das pessoas que me acompanharam pela faculdade, e que mais tarde me indicaram para oportunidades de trabalho. Se não fosse por essa base, não teria virado o profissional que eu sou hoje.
O filme foi criado utilizando as ferramentas Blender (Eevee) Cinema 4D, Zbrush, Houdini, After Effects e Photoshop, ele é uma mistura da animação 2D com a 3D.