Aluna do dAD premiada no XXXIII Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica da PUC-Rio

A aluna Luana Pincano recebeu o Prêmio Destaque – CTCH/PIBITI pelo seu projeto Design para o cuidado: iniciativas cotidianas de afeto, resistência e inovação social no dia 3 de outubro, durante o encerramento do XXXIII Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica da PUC-Rio. O projeto foi orientado pelo professora Vera Damazio e pela doutoranda do PPG Design Renata de Assunção Neves.

O estudo investiga como mães brasileiras (em sua maioria) que vivenciam a chamada maternagem atípica, o cuidado cotidiano de filhos com deficiência, neurodivergência ou condições de saúde específicas, transformam desafios pessoais em soluções criativas que geram impacto social.

O projeto premiado analisou 53 iniciativas criadas por mães e pais brasileiros entre 2015 e 2025, mapeando ações que vão desde tecnologias assistivas e brinquedos adaptados até projetos fotográficos, campanhas de conscientização e redes de apoio. Mais de 80% dessas soluções foram lideradas por mães, revelando o papel central da figura materna como agente de inovação social.

Ancorado em eixos teóricos como o design emocional, o feminismo matricêntrico e a teoria da complexidade, o estudo propõe uma visão ampliada do design. Não apenas como prática técnica, mas como ferramenta de afeto, resistência e transformação social.

De acordo com Luana, a motivação para a pesquisa nasceu de uma vivência familiar. “A ideia de explorar o campo do design para crianças neurodivergentes surgiu a partir do meu convívio com a minha irmã, que tem Síndrome de Down”, explica. “Observar a falta de inclusão na sociedade desperta em nós, que convivemos com crianças atípicas, o desejo de criar soluções que promovam sua valorização e participação no convívio social.”

Para Luana, o maior desafio foi lidar com a realidade ainda marcada pela falta de recursos voltados ao bem-estar das crianças atípicas. “Perceber o quanto as mães precisam se desdobrar para criar soluções e incluir seus filhos na sociedade foi algo que me marcou. Isso nos desafia a dar visibilidade a essas famílias e às suas iniciativas.”

A professora Renata , que também é mãe atípica, destaca o caráter inédito da pesquisa. “O estudo desloca o foco do designer profissional para as experiências vividas pelas mães atípicas. Elas não são apenas cuidadoras, mas verdadeiras projetistas de suas realidades, desenvolvendo soluções que impactam comunidades inteiras”, afirma.

Renata também observa que o projeto contribui para romper estereótipos. “Essas mães costumam ser vistas como pessoas sem autonomia ou conhecimento técnico. A pesquisa mostra justamente o contrário: elas são protagonistas de ações que, muitas vezes, têm efeitos mais profundos que iniciativas formais.”

Durante o desenvolvimento da pesquisa, a equipe também enfrentou desafios metodológicos e conceituais. Segundo a orientadora Renata, o principal obstáculo foi lidar com a vasta quantidade de iniciativas disponíveis e fazer uma seleção criteriosa dos dados. “Foi preciso ultrapassar a romantização dessas histórias, muito comum na mídia, para entender que tipo de lacunas essas ações revelam — sejam elas no design de mercado, nas políticas públicas ou no apoio social às famílias. O mais difícil foi justamente definir os recortes e canais que nos permitissem analisar essas experiências de forma crítica, sem perder de vista a dimensão afetiva que as motiva”, explica.

Com o reconhecimento do prêmio, Luana planeja seguir aprofundando o tema. “Quero continuar contribuindo para os estudos sobre design e inclusão, e também buscar formas de dar mais visibilidade às soluções já existentes criadas por essas famílias”, afirma.